sábado, 17 de abril de 2010

Vou-te esconder entre as páginas dos livros, onde suarem as mais bonitas palavras de amor.
Em dia vou abri-las e recordar os bons velhos tempos, o nosso primeiro beijo, a nossa primeira discussão, o teu primeiro olhar, o dia em que partilhamos o nosso primeiro segredo.
Podem-me roubar tudo, até mesmo a minha integridade psicológica (confesso já que não é muita), mas nunca hão-de roubar os momentos vividos, porque esses já ninguém os tira, estão guardados em tudo aquilo que sou hoje.
Podemos esconder tudo aquilo que somos por de trás das mais bonitas máscaras, mas existem sempre pessoas que nos conhecem melhor que ninguém. Conheço-te demasiado bem.
Mostro-me insensível eu sei, mas é melhor forma de proteger a fragilidade que nem todos conseguem atingir e conhecer.
Já engoli demasiados sapos, neste momento só desejo que o príncipe encantado apareça.
Existem tantas coisas que nunca te disse e dizias tu que eu falava demais.
Quando te conheci despertaste-me um certo pânico, vivia um período da minha vida quem que pensava que mais nada me podia atingir. Enganava-me profundamente.
Imagino de se súbito voltasses. Estarias agora aqui aninhado em mim, onde entre olhares trapalhões eu estragaria o momento para variar.
Não te vou mentir nem omitir porque estas são as ultimas palavras dirigidas a ti, muitas vezes imaginei a nossa vida, acreditei sempre que serias o melhor pai do mundo e eu a maior mãe galinha. Vi-te muitas vezes sentado junto a mim a ler Contos de Fadas.
Continuas a entrar mesmo de porta fechada o meu quarto e insistes em levar-me contigo.
Passei a “vida inteira” a tentar interpretar-te. Falhei sempre. Desisti. Nunca entendi as tuas mensagens.
A única coisa que sei é que gostavas de olhar para mim e procurar no mais profundo dos meus olhos aquilo que eu estava a sentir. Sei que me adoravas como ninguém e farias de tudo para ver um longo sorriso em mim. E o que agora sei? Nada.
Quem me dera parar de te ver. Nós éramos um turbilhão fazíamos tanto barulho que me custa ouvir o silêncio da nossa partida.
Sei que não te posso esquecer, porque nunca podemos esquecer parte de nós. Por isso trago-te em cada lágrima que não chorei, porque sei que enquanto não o fizer te mantenho mais perto de mim e menor será o sofrimento de te derramar.
Eu ria-me no meio das nossas discussões, porque me dava um enorme prazer ver-te irritado, nunca percebes-te isso, tentava-te apaziguar com o meu sentido de humor mesmo sabendo que nunca resultava, conseguias-me acusar de todos os males do mundo e eu adorava-te por isso.
Um bom bocado de mim ainda estremece de paixão, por isso vou supra-la ao vento e esperar que o tempo, que dizem que cura todos os males da vida, me cure a mim também.
“Nós nunca fomos cúmplices, sabíamos de mais um do outro”
Há um longo caminho pela frente.
Esta é a minha última carta.


A princesa Marta Sofia

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